A pandemia nos fez parar e pensar. Quem aproveitou o mínimo que seja desse momento de reflexão passou a valorizar o cheiro do café sendo coado, os momentos em família e entre amigos, as escapadas da rotina para estar ao ar livre e em contato com a natureza.
Pouca gente parou para pensar, mas as crianças foram um dos grupos mais atingidos pela pandemia. Privados do convívio escolar, limitado no contato com parentes e avós, enclausurados dentro de casa, forçados a passar horas a fio assistindo a aulas online. Não é para qualquer um. Eles, porém, mostraram um equilíbrio e uma resiliência digna de admiração. Comparados a nós, pouco reclamaram. Não buscaram culpados. Adaptaram-se. Inventaram brincadeiras por videochamadas com amiguinhos, aceitaram parabéns a você virtuais, aproveitaram cada saidinha que lhes era permitida como se fosse um grande evento de férias.
Mas têm sofrido, sim, as consequências. Cada vez mais ligados ao mundo virtual e menos ao mundo real, lhes fez falta o espaço, a luz do sol, o convívio, o horizonte. Infelizmente, em muitos lugares os shoppings voltaram a abrir antes dos parques.
Por mais de uma vez, nós quatro – eu, meu marido, minha filha de 8 anos e meu filho de 5 – saímos em busca de uma praça ou algum lugar em que pudéssemos estar em contato com a natureza e esquecer, um pouco, o momento difícil que todos atravessávamos. Não era fácil achar um lugar. Qualquer moita ou gramado, então, nos servia. Sei de amigos que, amantes da natureza como nós, caçaram nos arredores da cidade lotes vazios com uma vista bonita, para levar a criançada para pedalar ou fazer um piquenique. Belo Horizonte, uma cidade que se orgulha de suas áreas verdes, estava com suas pracinhas, a orla da Pampulha, a esplanada do Mineirão e sues parques fechados.
Felizmente, as coisas começaram a melhorar, e os parques foram reabertos. Não só os de nossa cidade, mas do estado e do país todo. Ainda que com restrição de lotação e mediante agendamento, as cachoeiras, os rios e lagos, as cavernas, as florestas, os campos e cerrados estão novamente de braços abertos para nos receber! Agora imaginem só a importância desses espaços para nós, para nossos idosos, jovens e crianças. Um verdadeiro antídoto contra o isolamento, o confinamento, contra o excesso da luz das telinhas e de mundo virtual. Um convite a viver de verdade, em sua plenitude. Há muito tempo se sabe que a natureza é um verdadeiro remédio para a alma e para o corpo. A luz do sol estimula o crescimento, o fortalecimento dos ossos e a imunidade. Olhar um horizonte distante faz bem aos olhos e à mente. Estar em contato com o verde traz tranquilidade, abaixa os níveis de adrenalina e aumenta s hormônios do bem estar. Observar os processos da natureza, como as árvores continuam a crescer, florescer, frutificar e morrer, como os insetos continuam suas jornadas diárias à revelia do mundo humano, nos ajuda e redimensionar nossos problemas, e a reconhecer nosso humilde lugar no mundo e vida.
Então, vamos sair e visitar os parques urbanos e ecológicos de nossa cidade, estado e país! Precisamos deles mais que nunca.
Eles têm uma imensa riqueza de experiências sensoriais a nos oferecer. Mas estarão preparados para receber as crianças? Acessíveis aos idosos e às pessoas com mobilidade reduzida? Isso é o que pretendemos investigar, e compartilhar com vocês. 😉